sábado, 26 de abril de 2008

Fichamento de SAID, Edward. Orientalismo. São Paulo, Companhia das Letras. Introdução. (Texto 7).

O texto introdutório de Edward Said presente na produção Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente; visa esclarecer a maneira como o ocidental em meados do neo-colonialismo observara a civilização oriental, fomentando produções literárias e visualizações particulares a respeito de uma cultura extremamente rica e diversificada, mas que passou a ser encarada como um todo alternativo a cultura européia.
Primeiramente o autor registra considerações que conferem nome ao livro, o Oriente segundo o mesmo consiste em uma invenção européia, recheada de itens exóticos, experiências singulares e uma considerável dose de romance. Razão pela qual o termo Orientalismo perde espaço entre os estudiosos desta temática, a nomenclatura além de constituir uma generalização demasiadamente prejudicial, consiste igualmente em signo da dominação do europeu entre o século XIX e início do XX.
Assim registra-se no texto o principal objetivo da produção, possibilitar uma análise do oriente com bases e valores desligados do Orientalismo e suas respectivas escolhas, igualmente demonstrar o quanto a cultura oriental forneceu ao ocidente, fortalecendo a noção de um intercâmbio rico e intenso.
Said especifica que o estudo proposto se relaciona, sobretudo a ocupação Inglesa e a Francesa no Oriente, mais especificamente a Índia e as terras bíblicas, logo o orientalismo até a segunda guerra mundial se resume basicamente a visão destas duas potências a respeito da região mencionada, apenas posteriormente há a participação norte-americana mais intensa, firmando uma dinâmica semelhante.
O exemplo do contato entre Flaubert, homem rico e estrangeiro, e uma cortesã egípcia que acabou por originar um modelo de mulher oriental, corresponde à personificação dos mecanismos de leitura do mundo ocidental em relação ao oriental. As impressões do estrangeiro permitiram que se fossem construídas idealizações e perfis desprovidos de depoimentos ou considerações maiores de seus próprios agentes, portanto a cortesã sequer pronunciou-se, entretanto a observação de Flaubert despontou como “suficiente” para se formar toda a sua personalidade e transformá-la em padrão.
O autor com tal exemplificação objetiva registrar que a análise do oriente do ponto de vista ocidental não deriva de simples devaneios, mas de todo um complexo de pré-julgamentos e concepções anexados ao empirismo, no qual o europeu em momento algum renuncia a sua condição de superioridade.
Somado a esta perspectiva Edward Said discorre sobre uma de suas mais importantes intenções neste trabalho; a desmistificação da impossibilidade de se produzir um conhecimento proveitoso quando este está ligado aos interesses políticos, e de que somente o saber essencialmente apolítico possibilitaria uma análise útil de determinada temática.

O que me interessa agora é sugerir como o consenso liberal de que o “verdadeiro” conhecimento é fundamentalmente apolítico (e de que, ao contrário, o conhecimento abertamente político não é conhecimento “verdadeiro”) obscurece as circunstâncias políticas extremamente organizadas, ainda que de modo obscuro, que predominam quando o conhecimento é produzido. (SAID, p.22).

Diante desta afirmação, a produção discutida visa esmiuçar de que maneira o estudo do oriente, ainda que composto da visão do dominante europeu se mostrou relevante para a civilização ocidental, e juntamente com esta percepção descortinar itens extremamente válidos, ainda que presentes em um discurso político e constituindo-se de um caráter expressamente representativo.

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