sábado, 26 de abril de 2008

Fichamento de DECCA, Edgar de. O Colonialismo como a glória do império.In:O Século XX.Rio de Janeiro,Civilização Brasileira,2000.pp.153-181.(texto 6)

Edgar de Decca, professor de História da Universidade de Campinas, realiza em seu texto uma abordagem do colonialismo pós-revolução industrial, a fim de identificar os reais agentes motivadores do expansionismo europeu, que culminou com a fragmentação política do globo em áreas de influência disputadas pelas potências, sobretudo as integrantes do velho mundo.
O Professor considera que este processo tenha se originado da necessidade de se expandirem os raios de ação das economias industriais que de modo cada vez mais intenso rivalizavam na obtenção de lucros. Logo, as fronteiras nacionais constituíam sérias limitações às pretensões capitalistas; movidas pelo intuito de superá-las as nações européias proporcionaram uma série de modificações, sobretudo em sua organização política com o objetivo de permitir uma expansão até então inédita em tais moldes.
O autor registra que o continente americano ficou a margem deste processo, dinâmica específica de divisão territorial e ocupação, devido em boa parte pela Doutrina Monroe. Assim, as atenções voltaram-se intensamente para os continentes africano e asiático, estes se tornando os principais alvos de uma divisão territorial feroz entre as potências.
Estabelecidas tais premissas, o texto é direcionado para a compreensão do que é considerado como um forte e inédito fluxo de mercadorias, capital, material bélico e população européia impulsionados pelo intuito de dominação e exploração a qualquer custo, período que está concentrado entre a segunda metade do século XIX e que culmina com a primeira guerra mundial; o Imperialismo.
Decca primeiramente aborda o caráter ambíguo contido na nomenclatura acima citada, pois como o autor menciona em seu texto:

... nada mais equivocado do que utilizar o termo imperialismo como sinônimo de construção de impérios, porque para que este termo tivesse alguma correspondência com a realidade, seria necessário que a nação promotora desse império estendesse as suas leis e suas instituições aos territórios anexados e tornasse os povos dessas regiões tão iguais em direitos quanto aqueles que vivem no território da nação-mãe. (DECCA, 2000,p.157).

Este entendimento se distancia em larga escala do que fora realmente implementado. Diante desta ambigüidade, o autor estabelece o que pode ser entendido como um conceito do “imperialismo” formulado no recorte temporal estudado; o mesmo pode ser considerado como uma política européia de anexação territorial e seus respectivos habitantes objetivando a expansão mercantil capitalista.
O texto ressalta uma particularidade no modus operandi da influência européia sobre o globo, e mais uma vez esta peculiaridade diz respeito ao continente americano. Como aborda Edgar, a ampliação dos mercados se realizou não somente pela ocupação e administração direta das colônias, o modo como o capital inglês incorporou-se ao Brasil através de investimentos em ferrovias e serviços no geral consiste em eficaz exemplo de ampliação do capital sem uma ocupação efetiva.
Retendo-se na esfera inglesa, o autor afirma o pioneirismo inglês na visualização da importância em superar as fronteiras nacionais, a indústria e o capital inglês sentiram de forma anterior as demais nações o caráter emergencial de se ampliarem o número de consumidores e garantir um fluxo constante de investimentos para que se tornasse possível a obtenção de altas taxas de lucros.
Paralelamente a isto o autor menciona a evolução dos partidos socialistas nas nações industrializadas. Estes em meio à corrida imperialista organizaram-se em uma escala crescente a fim de garantir alguns direitos até então completamente esquecidos pelos capitalistas, esta corrente solidificou o propósito revisionista que pouco a pouco se distanciava da luta direta pela destruição do capitalismo, aproximando-se do intuito da incorporação por este de concessões trabalhistas.
Diante desta dinâmica, gradativamente presente nas nações européias as disputas se tornaram irreversivelmente mais acirradas, criando um cenário de conflitos por territórios, por prestígio e poder, além certamente dos mercados consumidores, das zonas de investimentos e os capitais derivados destas. Este processo passo a passo amoldou-se em uma corrida armamentista, alimentada por uma indústria sedenta de produzir, fazer consumir e lucrar.

Nenhum comentário: