quinta-feira, 20 de março de 2008

Resumo de BERMAN, Marshall. Modernidade: Ontem, Hoje e Amanhã. In: Tudo o que é sólido desmancha no ar. (Texto1).

A introdução, Modernidade: Ontem, Hoje e Amanhã; contida no trabalho de Marshall Berman, “Tudo o que é sólido desmancha no ar; A Aventura da modernidade” inicia a discussão sobre como aproximar-se de um entendimento do que venha a ser modernidade, além de abordar como esta concepção sofreu modificações através dos séculos, e igualmente há a tentativa de possibilitar uma melhor compreensão dos conceitos e movimentos a esta atrelada.
A explanação tem no seu início o estabelecimento do caráter paradoxal do que venha a ser o moderno. As possibilidades transformadoras desta noção somente se igualam em número e intensidade às perspectivas destruidoras. Segundo o autor se o novo confere a promessa de aventura, progresso e superação de barreiras, do mesmo modo este poderia vir a desencadear a perda do que já fora alcançado, o que confirma o paradoxo da experiência moderna.
Firmado esta premissa, Berman registra a intenção de compreender de que maneira as transformações as quais o conceito de moderno sofreu podem influenciar no que hoje se considera modernidade. A divisão da História da modernidade proposta pelo autor visa claramente cumprir esta, apesar do mesmo reconhecer a impossibilidade de se precisar algo tão extenso.
Detalhando tal divisão, a primeira fase deste processo, conforme o texto discutido, está no início do século XVI até o término do XVIII, período no qual as pessoas não possuem um percepção nítida do movimento proveniente da modernidade, ainda que estas possam estar inseridas de modo mais intenso neste.
A segunda fase consiste no momento pós-revolucionário de 1790. Como expõe Marshall as pessoas detêm o sentimento de viver em meio as “ondas” revolucionárias e seus respectivos efeitos nos campos econômico, político e social; contudo este mesmo público simultaneamente traz marcado a experiência do que é estar em um mundo que não realizou outras tantas transformações, tal conflito fica o aspecto dual desta fase.A dualidade citada ajuda a construir a idéia de modernismo e modernização. Estes irão caracterizar amplamente a terceira e atual fase, expandindo-se virtualmente, como ressalta o autor, por todo o globo.
Após propor esta divisão o autor explicita novamente a contradição na qual a palavra modernidade está ligada, pois de acordo com este o alcance global do moderno atua de modo a fragmentar, defasar e enfraquecer a formulação de um conceito que realmente esteja presente na vida das pessoas, desta realidade derivaria a perda da era moderna do contato com as raízes de sua própria modernidade.
Com o intuito de esclarecer o paradoxo e a maleabilidade pertencentes as noções de modernização e modernidade, Berman se utiliza das percepções de Marx e Nietzsche. Primeiramente o autor enfatiza a porção irônica da modernidade, pois, segundo Marx, as forças de vanguarda da sociedade devem ser governadas pelos homens de vanguarda, ou seja os operários, ainda de acordo com Marx, estes são uma invenção dos tempos modernos tal qual o maquinário.Deste modo, utilizando-se o pensamento de Marx o autor aplica a este sua própria dinâmica, logo caso o proletariado atingisse o poder o que impediria de ser absorvido por uma nova forma social?
Marshall reafirma sua compreensão da modernidade como caminhos que possam conduzir a um trevo de oportunidades ou ao abismo do caos ao citar Nietzsche, este considera a humanidade em meio a uma grande ausência de valores, entretanto em meio a uma desconcertante abundância de possibilidades.
O autor menciona o elo de importantes pensadores do século XIX, entre eles os já citados, a respeito do homem moderno, este teria a capacidade de mesmo fazendo parte de um infeliz presente poder imaginar um caminha alternativo capaz de ganhar contornos de brecha para o futuro.
A credulidade do século XIX apresentada irá contrastar com o início do século XX e a descrença de Weber, segundo este seus respectivos contemporâneos constituíam uma massa nula que acreditava que acreditava ter atingido um nível de desenvolvimento inédito. Conforme Berman, este pensamento traduz o desaparecimento do homem moderno como um ser vivente capaz de julgar e agir sobre o mundo. O texto destaca a adesão deste conceito por vários pensadores do século XX.
Próximo desta concepção, segundo Marshall, o modernismo aparece como um caminho de libertar artistas modernos das impurezas e vulgaridades da vida moderna, completamente “ausente” de preocupações com a dinâmica social, assim como de suas problemáticas.
Contrariando o afirmado por Weber e seus simpatizantes, vários pensadores vislumbraram o modernismo como uma constante ferramenta contra a totalidade da existência moderna. Esta imagem ganhou força com o apogeu da atmosfera política, sobretudo na década de 60.
Posteriormente registra-se no texto a filiação de artistas e trabalhadores intelectuais ao estruturalismo que risca a questão da modernidade; além do pós- modernismo que de acordo com Berman, não passa de um movimento fomentador da ignorância da história e da cultura modernas.
O autor encerra seu texto consolidando sua crença de que os modernismos predecessores podem resgatar o sentido de nossas raízes modernas, por meio da recordação dos modernistas do século XIX haveria uma possível renovação da coragem para criar novos agentes modernos; assim analisar as modernidades anteriores poderia ser para Marshall uma crítica às atuais e uma esperança a construção de futuras.