sábado, 29 de março de 2008

Fichamento de FALCON, Francisco José Calazans. O Capitalismo unifica o mundo. In:O Século XX . Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2000. pp.13-73.

Francisco José Calazans Falcon se propõe a realizar uma análise do capitalismo, o que implica na tentativa de conceituar suas bases; além de como eixo principal de seu texto descrever de que maneira este sistema progressivamente avançou pelas fronteiras das mais variadas culturas e quais impactos tal entrada proporcionou.
Inicialmente o autor registra o grau de dificuldade presente no trabalho com os conceitos. Segundo este, o lide conceitual possui na abstração das idéias e em sua generalidade os principais obstáculos a serem enfrentados. Deste modo, após explicitar possíveis comprometimentos de sua abordagem o autor a começa de fato pela construção da noção de mercado.
Priorizando-se a definição que se mostra mais útil e relevante ao longo do texto, conforme explicita Falcon:
O mercado genérico é então algo como um “sistema” de dimensões variáveis que articula todo um conjunto de mercados concretos, de produtos destinados ao consumo ou a novos negócios, ou de fatores de produção ( terra, capitais, trabalho).( FALCON,2000,p.15.).

Após tais considerações o autor introduz o questionamento sobre a capacidade do referido mercado se auto regular. Firmado o conceito de mercado, o texto alcança o que aparentemente consiste no ponto de maior pertinência da discussão; O que pode ser compreendido e aceito como capitalismo? Esta proposta norteará todo o rumo do referido estudo.
Antecedendo-se a qualquer tipo de resposta, o autor preocupa-se em expandir os mecanismos que possam auxiliar na formação de um parâmetro. Razão pela qual a história da constituição do mercado internacional é abordada. Esta é entendida como uma dinâmica na qual os Estados modernos europeus e suas disputas pelos lucros provenientes do sistema de colônias, guiadas pelas premissas mercantilistas presentes no antigo regime, assim segundo Falcon os séculos anteriores a revolução industrial podem ser considerados como pré-capitalistas, igualmente estabelecendo-se par tal período o domínio do capital comercial.
Deste modo o texto traz uma outra importante consideração sobre a história do mercado internacional, contudo em termos de análise do “sistema mundial moderno”, este por sua vez tem como principal objetivo a articulação dos modos produtivos. Logo, o mercado mundial da era moderna se estabelece como a integração e hierarquização de regiões e modos de produção que se distribuem por blocos denominados: centro, periferia e semi-periferia.
Posteriormente as considerações sobre a história do mercado internacional, Falcon organiza seu texto realizando a seguinte divisão: O período pré-capitalista e o capitalista de fato. Considerando que os séculos XV/XVI ao XVIII correspondem ao primeiro e os séculos XIX e XX ao último. Deste modo utilizando-se de E.Labrousse o autor inicia uma importante diferenciação do pré-capitalismo e o capitalismo respectivamente.
Iniciando-se pelo regime econômico anterior ao capitalista são estabelecidas três características básicas. A primeira delas constitui a primazia da agricultura, acompanhada da precariedade dos transportes e uma indústria de bens de consumo.
Diferentemente do capitalismo propriamente dito; este possui o predomínio da indústria, não somente no valor dos investimentos, mas igualmente em sua importância estratégica, como o autor registra: A indústria pesada prepondera, economicamente, sobre as indústrias leves.( FALCON, 2000, p.21). Os transportes oferecem maior eficiência tanto no tempo como na capacidade de carregamento. E finalmente o mecanismo das crises sofre uma modificação basilar não mais a de subsistência e sim a de super-produção e a conseqüente desvalorização e queda nos preços.
Com estas particularidades, o texto responde o que pode ser entendido como capitalismo, além de tecer uma cadeia de informações fundamentais que auxiliarão o alcance do objetivo ora mencionado; A compreensão de como o capitalismo unifica o mundo.
Falcon ressalta a mudança da forma, assim como do papel desempenhado pela indústria no capitalismo, esta passa, além de uma atividade altamente lucrativa , a ser algo estratégico. Como determina o mesmo, a expansão capitalista no século XIX constitui em um processo intimamente ligado a existência de um sistema de Estados-Nações. Logo a importância de uma industrialização bem sucedida acaba por ser sinônimo de liderança, ou pelo menos um papel relevante, na expansão colonial e financeira do capital.
Um segundo ponto a ser destacado do que fora afirmado esta na evolução dos transportes, como dito; mais rápidos e com uma capacidade maior, o capitalismo ganha “asas”, esta progressivamente contribuem para uma maior integração do mercado nacional e em último o degrau, e essência defendida pelo texto, a formação de um mercado internacional cada vez mais entrosado, unido pelo capital, pela produção, pelo intercâmbio.
Esta premissa culmina com o chamado Neo-colonialismo. Através da supremacia inglesa, no que diz respeito a tecnologia como um todo, seja ela industrial-comercial, ou industrial-bélica, juntamente com uma rival, ainda que inferior, poderosa; a França, e uma Europa sedenta por colocar em prática o exemplo Inglês, o continente africano e o asiático são inseridos na dinâmica capitalista, por meios econômicos ou pelo poderio militar, as potência de “primeira e segunda grandezas” inundam os territórios extra-europeus com seus produtos e suas dinâmicas, seu capital e seus soldados.
Sequencialmente Estados Unidos e Japão dão origem a novos centros Imperialistas-Capitalistas, contudo a Europa até meados da primeira guerra mundial desponta como o grande centro irradiador do capitalismo. Assim, sobrepujando costumes locais, formas de comércio e produção regionais, o capitalismo concedeu ap mundo a mesma batida econômica. Ainda que esta progressivamente fosse ditada em ritmos cada vez mais distintos.

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