O professor Francisco Carlos em sua produção, Os Fascismos, propõe o entendimento do fascismo tal qual um movimento abrangente que se desenvolveu por variados Estados europeus. Descortinar a crença de que tal ideologia fora fomentada apenas pela Alemanha e que ainda nesta, seu alastro se explica pela ação de um conjunto restrito de idealizadores constitui o principal intuito do referido texto.
Inicialmente o autor preocupa-se em registrar o caráter parcial das informações circulantes no período posterior a segunda guerra mundial. O fascismo teve suas proporções drasticamente reduzidas a fim de atender aos interesses delimitados por um mundo bipolarizado. Não se mostrava compatível “demonizar” potenciais aliados, Logo se arquitetou um modo particular do lide com as questões de perseguição, massacre e limpeza étnica.
O Nazismo, que segundo o autor representa apenas a versão alemã do fascismo, fora encarado como o produto de um grupo reduzido de pensadores malignos, dos quais Hitler destaca-se por seu líder supremo. Indubitavelmente as atrocidades cometidas no período pós-primeira guerra mundial e no desenrolar da segunda consistem em atos fomentados por pessoas cruéis. Contudo somente indivíduos desequilibrados e “personificações do mal” participaram de tamanha empreitada? Esta e algumas outras problemáticas são debatidas ao longo da produção aqui analisada.
Deste modo se faz relevante firmar ponto crucial demonstrado por Silva; o fascismo possui um raio de ação mais extenso do que costumeiramente se divulga. Países como Croácia, Romênia, Hungria, Noruega, Espanha, Portugal entre outros, além da presença marcante na França, formavam alguns dos locais irradiadores dos preceitos totalitários; antidemocráticos, anti-socialistas e antiliberais. Assim, o autor visa estabelecer a constituição básica do fascismo a fim de ilustrar como este movimento marcara sua presença por quase toda a Europa.
O esforço empregado pelos países fascistas em particularizar seu projeto é destacado por Silva. O historicismo foi intensamente utilizado para este fim, por meio da idealização de algum lampejo do passado os regimes individualizavam seus slogans e personificavam seu estado, logo o Império Romano, os Germanos, Hunos, Vikings e até mesmo as antigas possessões ibéricas eram utilizadas para demarcarem a grandeza da nação e a necessidade de se criarem mecanismos para que esta glória fosse reavivada. A combinação essencial de alguns elementos em conjunto com a especificidade de cada país era notada, por vezes esta fórmula alterara sua roupagem, mas de modo algum modificou o seu núcleo, e por meio deste caminho o caráter subjetivo pertencente ao idealismo era implementado pelos regimes. Provavelmente este pode ser apontado como o primeiro aspecto em comum dos movimentos fascistas, ou do fascismo europeu.
Um segundo elemento pode ser demarcado pela aliança com os setores conservadores, o que o autor destaca como algo estrategicamente esquecido. Diferentemente do que se possa supor os partidos totalitários não alcançaram o poder sem apoio de grupos da elite. Tais alianças seriam responsáveis pelo não cumprimento integral de algumas das cartilhas partidárias, a fim de se formarem coalizões. Como Silva expõe; a figura do Duce ou do Führer não despontava como a personificação do poder absoluto que se poderia imaginar. Detentores, inegavelmente, de elevado poder mesmo as personificações dos regimes tinham que lidar com insatisfações e abandonar um ou outro projeto em prol do fortalecimento do apoio recebido. O afirmado expressa um contingente de colaboradores considerável, o que desmonta a ingênua percepção dos governos fascistas como verdadeiras autocracias.
O terceiro item em comum no emprego deste sistema está na forma como se dá a conquista das massas. Conforme o autor afirma, o liberalismo causará uma espécie de vácuo, o agora cidadão observou seu papel na sociedade ser obscurecido, seus direitos não supriam suas carências, estas últimas variavam desde a fome e a miséria, até a super-exploração de sua força de trabalho. Sem dúvida que tais dificuldades não eram inéditas, todavia os partidos fascistas centralizaram nestas os sintomas do fracasso do liberalismo e na inoperância da democracia. Este aspecto auxiliou a criação dos pilares que viriam a sustentar a destruição do poder legislativo, os intermedi foram apontados como responsáveis pela ineficácia do governo, propõe-se com isso a predominância do corporativismo. O Estado e somente este poderia suprir as necessidades dos cidadãos. A organização liberal-democrática serviria apenas para cercear a capacidade de ação estatal, logo deveria ser condenada ao abandono.
Como quarto elemento aqui destacado está o ódio ao que se mostra diferente. As perseguições a judeus, ciganos e homossexuais podem ser apontadas igualmente como um traço do fascismo. O nazismo não fora o único que incorporou a noção de combate aos “não-nacionais”.
Diante do exposto, ao se destacar alguns dos elementos comuns aos processos vivenciados por uma gama de nações européias, o autor conclui que o fascismo caracterizou-se como um processo amplo e abrangente, possuidor de fronteiras bem mais generosas do que comumente lhe são dadas. O resgate de alguns dos valores destes movimentos, praticados por grupos neonazistas e neofascistas, que despontam não somente como marginais declarados, mas como remodelações presentes em partidos de direita europeus, por exemplo, confere contornos finais a pretensa crença na exclusividade do fascismo. Tal qual o fora no período entreguerras, este sistema centraliza mais uma vez na idealização de seus símbolos e no combate do outro, que hoje se demonstra pela xenofobia, a solução para os problemas nacionais.
Inicialmente o autor preocupa-se em registrar o caráter parcial das informações circulantes no período posterior a segunda guerra mundial. O fascismo teve suas proporções drasticamente reduzidas a fim de atender aos interesses delimitados por um mundo bipolarizado. Não se mostrava compatível “demonizar” potenciais aliados, Logo se arquitetou um modo particular do lide com as questões de perseguição, massacre e limpeza étnica.
O Nazismo, que segundo o autor representa apenas a versão alemã do fascismo, fora encarado como o produto de um grupo reduzido de pensadores malignos, dos quais Hitler destaca-se por seu líder supremo. Indubitavelmente as atrocidades cometidas no período pós-primeira guerra mundial e no desenrolar da segunda consistem em atos fomentados por pessoas cruéis. Contudo somente indivíduos desequilibrados e “personificações do mal” participaram de tamanha empreitada? Esta e algumas outras problemáticas são debatidas ao longo da produção aqui analisada.
Deste modo se faz relevante firmar ponto crucial demonstrado por Silva; o fascismo possui um raio de ação mais extenso do que costumeiramente se divulga. Países como Croácia, Romênia, Hungria, Noruega, Espanha, Portugal entre outros, além da presença marcante na França, formavam alguns dos locais irradiadores dos preceitos totalitários; antidemocráticos, anti-socialistas e antiliberais. Assim, o autor visa estabelecer a constituição básica do fascismo a fim de ilustrar como este movimento marcara sua presença por quase toda a Europa.
O esforço empregado pelos países fascistas em particularizar seu projeto é destacado por Silva. O historicismo foi intensamente utilizado para este fim, por meio da idealização de algum lampejo do passado os regimes individualizavam seus slogans e personificavam seu estado, logo o Império Romano, os Germanos, Hunos, Vikings e até mesmo as antigas possessões ibéricas eram utilizadas para demarcarem a grandeza da nação e a necessidade de se criarem mecanismos para que esta glória fosse reavivada. A combinação essencial de alguns elementos em conjunto com a especificidade de cada país era notada, por vezes esta fórmula alterara sua roupagem, mas de modo algum modificou o seu núcleo, e por meio deste caminho o caráter subjetivo pertencente ao idealismo era implementado pelos regimes. Provavelmente este pode ser apontado como o primeiro aspecto em comum dos movimentos fascistas, ou do fascismo europeu.
Um segundo elemento pode ser demarcado pela aliança com os setores conservadores, o que o autor destaca como algo estrategicamente esquecido. Diferentemente do que se possa supor os partidos totalitários não alcançaram o poder sem apoio de grupos da elite. Tais alianças seriam responsáveis pelo não cumprimento integral de algumas das cartilhas partidárias, a fim de se formarem coalizões. Como Silva expõe; a figura do Duce ou do Führer não despontava como a personificação do poder absoluto que se poderia imaginar. Detentores, inegavelmente, de elevado poder mesmo as personificações dos regimes tinham que lidar com insatisfações e abandonar um ou outro projeto em prol do fortalecimento do apoio recebido. O afirmado expressa um contingente de colaboradores considerável, o que desmonta a ingênua percepção dos governos fascistas como verdadeiras autocracias.
O terceiro item em comum no emprego deste sistema está na forma como se dá a conquista das massas. Conforme o autor afirma, o liberalismo causará uma espécie de vácuo, o agora cidadão observou seu papel na sociedade ser obscurecido, seus direitos não supriam suas carências, estas últimas variavam desde a fome e a miséria, até a super-exploração de sua força de trabalho. Sem dúvida que tais dificuldades não eram inéditas, todavia os partidos fascistas centralizaram nestas os sintomas do fracasso do liberalismo e na inoperância da democracia. Este aspecto auxiliou a criação dos pilares que viriam a sustentar a destruição do poder legislativo, os intermedi foram apontados como responsáveis pela ineficácia do governo, propõe-se com isso a predominância do corporativismo. O Estado e somente este poderia suprir as necessidades dos cidadãos. A organização liberal-democrática serviria apenas para cercear a capacidade de ação estatal, logo deveria ser condenada ao abandono.
Como quarto elemento aqui destacado está o ódio ao que se mostra diferente. As perseguições a judeus, ciganos e homossexuais podem ser apontadas igualmente como um traço do fascismo. O nazismo não fora o único que incorporou a noção de combate aos “não-nacionais”.
Diante do exposto, ao se destacar alguns dos elementos comuns aos processos vivenciados por uma gama de nações européias, o autor conclui que o fascismo caracterizou-se como um processo amplo e abrangente, possuidor de fronteiras bem mais generosas do que comumente lhe são dadas. O resgate de alguns dos valores destes movimentos, praticados por grupos neonazistas e neofascistas, que despontam não somente como marginais declarados, mas como remodelações presentes em partidos de direita europeus, por exemplo, confere contornos finais a pretensa crença na exclusividade do fascismo. Tal qual o fora no período entreguerras, este sistema centraliza mais uma vez na idealização de seus símbolos e no combate do outro, que hoje se demonstra pela xenofobia, a solução para os problemas nacionais.